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O que são Serviços Ecossistêmicos (SE)?



PRIMEIRO, VAMOS ENTENDER O QUE É UM ECOSSISTEMA


O termo ecossistema foi proposto, em 1935, pelo ecólogo Arthur G. Tansley como “uma unidade básica da natureza composta por organismos vivos e seu ambiente físico”.

Com o passar do tempo, estudos, principalmente na área de ecologia, foram desenvolvidos e o conceito foi melhorado e se tornou mais complexo e dinâmico.

Dessa forma, desenvolveu-se a ideia de uma hierarquia de organização ecológica, que, segundo ODUM et al. (2007), é composta por sete níveis, sendo eles: Ecosfera > Bioma > Paisagem > Ecossistema > Comunidade > População. Portanto, por definição um ecossistema é:


“Qualquer unidade que inclui todos os organismos, a comunidade biótica, em uma dada área, interagindo com o ambiente físico de modo que um fluxo de energia leve a estruturas bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivos e não-vivos. É mais do que uma unidade geográfica. (...) Ou seja, tem todos os componentes, biológicos e físicos, necessários para a sua sobrevivência.”

Assim, para termos uma definição de ecossistema, precisamos considerar o ambiente externo como parte integral do conceito. Esse fator irá fornecer toda a energia necessária para o sistema e permitirá que as interações internas sejam estabelecidas entre a comunidade, as populações e a ciclagem dos nutrientes envolvidos nas retroalimentações desse sistema.


Dessa forma, podemos afirmar que estamos inseridos em diferentes ecossistemas ao longo de nossa existência, pois estamos expostos a diferentes elementos bióticos e abióticos que podem, ou não, comprometer a nossa sobrevivência.


Logo, podemos afirmar que um ecossistema pode ser, convenientemente, delimitado para desenvolver um estudo de interesse em uma determinada área. Sendo assim, nossa casa é um ecossistema, nosso ambiente de trabalho, nosso passeio em meio a trilha, nossa ida a praia, nossa visita a outros países e uma seção de uma floresta para um estudo. Todos esses ambientes, corroboram para que tenhamos que gastar, ou reter, energia para que possamos garantir a nossa sobrevivência.


Consequentemente, com as novas visões sobre o que é um ecossistema, como as suas interações e relações acontecem surge, então, a definição de serviços ecossistêmicos.



DEFINIÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS (SE)


Os serviços ecossistêmicos (SE) são os benefícios que a natureza fornece para os seres humanos e outros seres vivos. Ou seja, dentro de um ecossistema somos beneficiados pela interação com os outros organismos e temos, à disposição, recursos naturais que incluem água, ar, solo, biodiversidade e outros processos ecológicos como a polinização, a regulação do clima e o controle de doenças.


Portanto, estamos, constantemente, utilizando esses serviços de forma automática, ou “gratuita”, em nossas ações diárias que não nos damos conta de como necessitamos e de como somos dependentes dessas interações ecossistêmicas para o nosso bem-estar.



CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS ECOSSISTÊMICOS (SE)

Entre 2001 e 2005, desenvolveu-se a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA), um estudo científico internacional, que tinha como objetivo avaliar a “saúde” dos ecossistemas do mundo e os serviços que eles fornecem para o homem. Nesse estudo, foi possível perceber toda a “pressão humana” que esses ecossistemas sofriam o que se refletia na mudança climática, na perda de habitat, na poluição e como essas consequências poderiam ser negativas para a humanidade.


Desse estudo, surgiram quatro categorias principais de serviços ecossistêmicos, sendo eles:

- Serviços de SUPORTE: que são responsáveis por fornecer a base para a existência dos outros serviços. Sendo assim, estão dentro dessa categoria a produção de oxigênio, pela fotossíntese, e a formação do solo, a partir da decomposição de matéria orgânica.

- Serviços de PROVISÃO: aqueles que proporcionam recursos para os seres humanos, por meio de alimentos, água potável, madeira, fibras e medicamentos.

- Serviços de REGULAÇÃO: esses mantêm os ecossistemas saudáveis e em equilíbrio, como a regulação do clima, a purificação do ar, da água, o controle de enchentes e a prevenção da erosão.

- Serviços CULTURAIS: que trazem benefícios estéticos, recreativos e espirituais para os seres humanos. Nisso está incluso o TURISMO, a recreação ao ar livre, a educação ambiental e a inspiração artística.


Desde 2018, o conceito de “serviços ecossistêmicos” foi renomeado e passou a ser chamado de “Contribuições da Natureza para as Pessoas” e foi adotado pela Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) da Organização das Nações Unidas (ONU).


Essa nova definição considera todas as contribuições positivas, e porventura negativas, que as pessoas obtêm da natureza. Sendo assim, essa expressão que deriva dos serviços ecossistêmicos reorganizou os serviços em três categorias, sendo elas:

- Contribuições REGULATÓRIAS: nessa categoria estão todos os aspectos funcionais e estruturais, dos organismos e dos ecossistemas, que podem modificar as condições ambientais da vida, ou que sustentam, ou regulam, a criação de benefícios materiais e não-materiais. Nisso inclui-se purificação da água, mitigação da mudança climática e da erosão do solo. Dificilmente são percebidas de forma direta e clara pela sociedade.

- Contribuições MATERIAIS: inclui-se as substâncias, objetos e outros elementos que a natureza fornece e sustentam a existência física e de infraestrutura que são fundamentais para a sociedade. Pode-se citar: alimentos de origem animal e vegetal, produção de energia, materiais para a construção de moradias e ornamentação desses lares.

- Contribuições NÃO-MATERIAIS: são aquelas contribuições da natureza que proporcionam qualidade de vida de forma subjetiva individualmente ou coletivamente. São contribuições tidas como intangíveis, mas que podem ser fisicamente usufruídas no processo como a sombra de uma árvore e as paisagens como fonte de inspiração para fotografias e cenários de filmes.



CUSTO ESTIMADO DE ALGUNS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

A falta de zelo pelos ecossistemas nos quais estamos inseridos podem trazer sérios transtornos econômicos. De acordo com IPBES, estima-se que os principais serviços ecossistêmicos podem se tornar humanamente impossíveis de se realizar, pois o seu custo, em dólares, é estimado¹ em:

1. Polinização: US$ 235 a 577 bilhões por ano;

2. Regulação do clima: US$ 1,2 a 4,1 trilhões por ano;

3. Purificação da água: US$ 2 a 4,4 trilhões por ano;

4. Produção de alimentos: US$ 1,8 a 3,2 trilhões por ano;

5. Controle de enchentes: US$ 27 a 57 trilhões por ano;

6. Turismo e recreação: US$ 7 a 8,8 trilhões por ano;

7. Produção de madeira: US$ 600 bilhões por ano;

8. Proteção costeira: US$ 28 a 36 bilhões por ano;

9. Melhoria da qualidade do ar: US$ 0,5 a 1 trilhão por ano;

10. Saúde mental e bem-estar: US$ 120 a 300 bilhões por ano.


Com esses valores, fica evidente a justificativa para que os serviços ecossistêmicos sejam melhor remunerados e o investimento em políticas públicas para conservação e gerenciamento dos recursos naturais se tornem prioridades governamentais.



O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR A PRESSÃO ANTRÓPICA

Infelizmente, muitas das atividades humanas, como a exploração excessiva de recursos naturais, a poluição e as mudanças climáticas, têm prejudicado os ecossistemas e, consequentemente, isso reduz a capacidade desses sistemas fornecerem os seus serviços ecossistêmicos.


Para que esses serviços possam continuar acontecendo, algumas políticas públicas precisam ser desenvolvidas no sentido de fortalecer e fomentar a conscientização da sociedade sobre a importância desses serviços para a sobrevivência, a mitigação da mudança climática e o bem-estar humano.


Dessa forma, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Agenda 2030 que tem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que diretamente, e indiretamente, contribuem para a mitigação da mudança climática e, consequentemente, reduzem a pressão sobre esses serviços ecossistêmicos.


Ou seja, a adoção de práticas sustentáveis, como a conservação da biodiversidade, por meio do plantio de árvores nativas para ajudar na qualidade do ar; o uso eficiente de recursos naturais; a redução da poluição; a redução do uso de defensivos agrícolas, fertilizantes químicos, para melhorar a qualidade do solo e da água; evitar o desperdício de água potável e usar fontes de energias renováveis são algumas das ações que podem ser adotadas para fortalecer os serviços ecossistêmicos.


O QUE JÁ ESTAMOS FAZENDO?

Aqui, na propriedade da Casa de Campo Casa Stainbach, nós já promovemos várias ações relacionadas com a Agenda 2030. Sendo assim, temos ações em 11 ODS dos 17 ODS previstos pela agência.


Acreditamos que o turismo sustentável, assim como uma agricultura sustentável, são o caminho para evitarmos o colapso social, cultural e econômico da sociedade. Consequentemente, continuamos trabalhando para atingir todos esses ODS o mais breve possível.


Assim, quando você vier se hospedar em nossa Casa de Campo Tiny House poderá conhecer um pouco mais dos trabalhos e ações que desenvolvemos para minimizar os impactos nos ecossistemas que nos cercam.


Caso tenha alguma dúvida, você pode deixar um comentário que responderemos o quanto antes!

Continue nos acompanhando! Até a próxima!


REFERÊNCIAS

IPBES, 2018. Summary for policymakers of the regional assessment report on biodiversity and ecosystem services for the Americas. Secretariat of the Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services, Bonn, Germany.


ODUM, Eugene P.; BARRET, Gary W. Fundamentos de ecologia. São Paulo. Cengage Learning, 2011. 612 p. il. color.


ONU, Organização das Nações Unidas, 2023. Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável – ODS. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs Acesso em: 04-05-2023.


EMBRAPA. Serviços Ambientais, 2023. Disponível em https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais/sobre-o-tema



1 Esses valores são apenas estimativas e podem variar dependendo das circunstâncias locais e das metodologias de avaliação utilizadas.

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